SENADO APROVA PROJETO PARA CRIAÇÃO DE MAIS DE 180 NOVOS MUNICÍPIOS
O Senado aprovou nesta
quarta-feira (16) projeto que abre caminho para a criação de mais de 180 novos
municípios e cerca de 30 mil cargos públicos no país. O texto segue para sanção
da presidente Dilma Rousseff. O projeto altera regras para a criação, fusão e
desmembramento de municípios, que somam 5.570 no país.
Apesar do impacto, nenhum
senador falou contra o mérito do projeto. Foto: Agência Senado
Segundo dados da Frente
Parlamentar de Apoio à Criação de Novos Municípios, a proposta deve permitir em
curto prazo a formação de até 188 novos municípios que cumprem as novas regras
impostas pelo Congresso, entre os que serão emancipados, desmembrados ou mesmo
criados.
Governistas estimam que os
novos municípios vão trazer impactos da ordem de R$ 9 bilhões mensais aos
cofres públicos, tendo como base o número de prefeitos, vice-prefeitos,
servidores das prefeituras, vereadores e funcionários das Câmaras Municipais
com o cálculo de salário médio de R$ 3 mil.
A proposta enfrenta
resistências no governo por provocar aumento de gastos para bancar as
estruturas de Executivo e Legislativo da nova cidade. Apesar do impacto, nenhum
senador falou contra o mérito do projeto. Apenas o PSDB liberou a bancada, para
cada parlamentar votar individualmente, sem orientação da sigla. No total, 53
senadores votaram a favor do projeto, 05 foram contrários à sua aprovação e
outros três se abstiveram.
Estudo de viabilidade
municipal precisa ter apoio de 20% dos eleitores da área
Pela proposta, a formação
de novas cidades só será permitida após a realização de Estudo de Viabilidade
Municipal e de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações envolvidas.
O projeto determina que, para a criação do município, o estudo de viabilidade
municipal precisa ter apoio de 20% dos eleitores da área a ser emancipada.
O texto também exige uma
população mínima, que varia de acordo com a região. Para a emancipação, a
população do novo município deve ser igual ou superior a 6.000 habitantes nas
regiões Norte e Centro-Oeste; 8.500 mil habitantes no Nordeste; e 12.000 no Sul
e Sudeste.
As assembleias legislativas
terão ainda que aprovar as condições econômicas de subsistência do município.
Serão proibidos, por exemplo, o chamado distrito dormitório, sem atividade
comercial ou industrial.
Numa vitória do governo, o
projeto manteve a proibição para a criação de municípios em áreas da União,
terras indígenas e de preservação ambiental. Os deputados haviam liberado a
criação nessas áreas.
Senadores afirmam que as
novas regras vão "moralizar" o atual modelo
Apesar de o projeto abrir
caminho para a criação de novas cidades e aumento de gastos, senadores afirmam
que as novas regras vão "moralizar" o atual modelo. "Vai ter
custos para quem? Para ninguém. A arrecadação do município-mãe será a mesma,
ele só vai reparti-la com a nova cidade. Aumentar despesa, não aumenta",
disse o senador Valdir Raupp.
Autor do projeto, o senador
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse que o projeto é "moralizador" e não
aumenta os gastos municipais. "É tão moralizador que, se estivesse em
vigor há alguns anos atrás, mais de dois mil municípios não teriam sido
criados. É um marco regulatório, moralizando a criação, fusão e incorporação
dos municípios", disse.
Senadores contrários ao
projeto criticaram o momento de sua aprovação em meio às reclamações de
prefeitos endividados e a pouco mais de um ano das eleições. "Em outras
circunstâncias de temperatura e pressão atmosférica, poderiam ser perfeitamente
aceitos esses critérios. Temos inúmeros municípios que estão com o seu limite
de gastos ultrapassados. Muitos não poderão pagar os décimos terceiros
salários. Não é o melhor momento para providências desta ordem", disse o
senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Diário do Nordeste
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