PROFESSOR DE SP FICA 4 MESES SEM RECEBER, PROTESTA, E LOGO APÓS É DEMITIDO
Professor de
Filosofia no estado de São Paulo é demitido após greve e ganha repercussão nas
redes sociais
Sinto informar aos colegas,
alunos e amigos que hoje 2ª feira, dia 12/08, foi oficializada minha demissão
do Estado. Fico a partir de agora proibido de dar aulas por 200 dias (a
duzentena). Mais uma vitória dos poderosos contra o povo.
Estou dando aulas da
Brasilândia desde março do ano passado, e nunca imaginei que perderia meu ganha
pão dessa maneira covarde.
Trabalhava em duas escolas
e tinha salas com mais de 50 alunos. Nunca vacilei na qualidade das minhas
aulas por isso. Meus alunos são prova.
Esse ano recebi meu
primeiro salário, ainda pela metade, em 16 de abril. A outra parte de fevereiro
e março caiu no meio de junho.
Achei que a situação iria
normalizar, mas novamente passei apuro e fiquei sem receber o mês de Abril,
Maio, Junho e Julho. Isso mesmo. Quatro meses sem nenhum dinheiro na conta.
Curiosamente, e por “pura
coincidência”, fui o único ‘categoria O’ que fez greve na minha escola, de
19/04 a 10/05. Entrei em greve já indignado com tudo. Mesmo quando todos vinham
me dizer pra tomar cuidado, e até quando meu diretor me ligava dizendo para eu
voltar da greve, que poderia ficar sem receber por isso, eu sabia que greve é
um direito constitucional, e continuei, com o apoio e orientação de diversos
companheiros que conheci.
Agora, depois de ter ficado
meses sem receber, de cansar de pedir regularização e não conseguir nada, o
Estado rescinde meu contrato dizendo que eu não cumpri com as minhas obrigações
contratuais.
EU NÃO CUMPRI? Que absurdo
é esse? Que tipo de retaliação funesta é essa?
E as obrigações do Estado
HEIN Sr Alckmin? Não só com professores, mas com alunos, estrutura, material,
etc?!
Conheço dezenas de
professores em cada canto dizendo que estão há 3, 4, 6 meses sem receber, ou
que não recebem férias há dois anos, ou que estão tentando se aposentar a 4
anos e não conseguem, entre tantos outros absurdos que acabam sendo
naturalizados pela rotina e pela descrença em mudança. Todos nós professores
conhecemos um caso assim, e pensamos: mais um, e mais outro, tenho que garantir
o meu.
No final, são milhares de
professores precarizados, demitidos, injustiçados todo dia. E agora eu sou mais
um.
Por Juliano Niklevicz
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