Exclusivo: James Bell fala pela primeira vez sobre assassinato de Radialista em Camocim
O 180 esteve em Martinópole
quando de sua incursão em alguns municípios do Ceará para levantar informações
sobre o caso envolvendo a morte do radialista Gleydson Carvalho, ocorrida no
município litorâneo de Camocim, dentro da Rádio Liberdade FM, no dia 6 de
agosto de 2015. O caso teve repercussão nacional e internacional.
Ao se procurar o prefeito James
Bell - citado em depoimento de um dos pistoleiros, em sua residência,
primeiramente a equipe de jornalistas que se dirigiu ao município foi atendida
por uma mulher, que contatou a mãe do prefeito, e essa, por sua vez, sem
qualquer contato com a reportagem, o chamou em seu quarto.
Cordial, James Bell disse que
falaria sobre o caso, mas não em sua residência e sim na prefeitura.
Indicou à equipe de jornalistas
um lugar para almoçar e marcou o encontro em 30 minutos.
GABINETE ESCURO
Quando a equipe chegou à sede do
Executivo municipal, o prefeito já se encontrava em seu gabinete.
O 180 estava acompanhado da
jornalista alemã Grit Eggrichs, que ano passado já havia marcado com o titular
do Blog Bastidores uma viagem para Camocim.
Apresentadora e jornalista da
Rádio Nacional, da Alemanha, ela se interessou pelo caso e prepara um programa
especial de 1 hora sobre a violência contra jornalistas no Brasil, tendo como
principal caso o envolvendo o radialista Gleydson Carvalho.
Ao se adentrar o recinto, num dia
chuvoso, o gabinete do prefeito estava escuro, com a luz apagada.
Atrás da mesa encontravam-se,
como mostra a foto, James Bell e o advogado do Município, Mauro Mourão. Eles
dialogavam entre si.
A conversa então se iniciou, mas
James não quis gravar. Parecia já ter sido orientado. Insistiu-se então na
necessidade da entrevista, e se argumentou que seria bom para o prefeito
quebrar o silêncio, já que como afirmava, não tinha envolvimento com o caso.
A ideia não foi aceita. James
então levantou da mesa e acendeu a luz. Durante a conversa, autorizou
anotações.
O 180, para não quebrar a
palavra, resolveu não fazer o uso da gravação escondida. Mas fez várias
anotações sobre as perguntas que eram feitas para James Bell.
Abaixo, as respostas do prefeito
para algumas das indagações. E também aquelas proferidas pelo advogado do
município.
É válido lembrar que membros da
família de James Bell foram denunciados por envolvimento no assassinato de
Gleydson Carvalho, assim como integrantes da prefeitura de Martinópole.
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O QUE DISSE JAMES
BELL..
- Quando se queria gravar sobre
caso. Isso inicialmente:
“Falo aqui com vocês, numa boa.
Mas gravar não vejo o por quê. (...) Não sou envolvido. Posso até ter sido
investigado [no início], mas... Para você ter uma ideia, não tenho advogado
constituído”.
- Sobre se tinha conhecimento de
que foi citado como suposto mandante em algum depoimento dos já presos e
denunciados e sobre se as denúncias podiam ainda chegar a ele:
“Gente, se tivesse [algo], já
teriam me envolvido. (...) A pessoa certa para você falar é com o Herbert
(delegado) e com o promotor (Evânio)”.
- Sobre se torce para Batista
Dentista [tio do prefeito, apontado como contratante dos pistoleiros, que está
foragido] ser preso para que o caso seja elucidado de vez:
“Torcer, eu não torço. Isso eu
não vou fazer. Mas se for para prender, que prendam. Não tem problema”.
Sobre se realmente não haveria
nenhum problema se Batista Dentista contasse o que realmente sabe numa suposta
delação:
“(...) Não tem nenhum problema.
Em momento algum”.
- Sobre se possui contato com
Batista Dentista:
“Eu não tenho contato com ele”.
- Sobre quando foi a última vez
que viu Batista Dentista:
“Não lembro”..
Sobre se ouvia a Rádio em
que trabalhava Gleydson Carvalho, a Liberdade FM:
“Não tenho interesse”.
- Sobre se achava que o caso
Gleydson Carvalho havia chegado ao fim:
“Não sei se chegou ao fim”.
- Sobre sua ligação com Batista
Dentista.
“Não. Não tenho. Ele não morava
nem aqui no município. Ele morava em Marco”.
- Sobre o assassinato de
jornalistas e radialistas:
“A gente abomina. Em hipótese
nenhuma se justifica”.
- Quando da insistência nas
perguntas sobre o caso Gleydson...
“Deviam destacar Martinópole
nesses casos que eu estou dizendo [em relação a algumas boas ações que sua
administração teria feito]”. – Aqui o prefeito pediu imparcialidade da
imprensa, e até elogiou o fato de estar sendo ouvido. Também protestou sobre o fato
de sempre se por expressões como “tio do prefeito James Bell” e não somente o
nome da pessoa acusada, quando se fazia referência aos tios Batistas. A
reclamação foi interpretada como que uma forma de tentar se livrar da ligação
com os familiares.
- Sobre se já tinha dado alguma
entrevista como esta ou recebido jornalistas:
“Nunca. Falei uma vez com uma TV
de Fortaleza. (...) Por telefone. Mas eu não tinha nada a dizer. Eu não sou
envolvido”.
- Sobre as prisões e denúncias do
Ministério Público contra membros da família, incluindo dois tios, e de várias
pessoas ligadas à prefeitura de Martinópole:
“Não tenho nada a ver com o caso.
Não tenho interesse nenhum em violência. Tanto que a população... se você andar
no município, quem tem coerência... [vê isso]”. – A equipe de jornalistas andou
por mais de uma hora no carro do prefeito, depois da entrevista, enquanto ele
mostrava as realizações já feitas na cidade. Muitos populares o cumprimentavam.
No carro também estava Mauro Monção.
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O QUE DISSE MAURO MOÇÃO –
ADVOGADO DO MUNICÍPIO...
- Quando questionado sobre as
denúncias de Gleydson contra a administração de James Bell, feitas na Liberdade
FM:
“Não conheço que o Gleydson tenha
denunciado qualquer má conduta [do prefeito]. Ele [James Bell] nunca recebeu
[contra ele] qualquer conduta de improbidade administrativa.
O 180 localizou na Vara Única de
Martinópole esse processo contra Gleydson Carvalho, cujo autor era o prefeito
James Bell, oriundo de um inquérito policial. O processo não foi para frente.
Mas a entrada da ação na justiça é datada do dia 20 de julho de 2015, poucos
dias antes da morte do radialista, no dia 6 de agosto daquele ano
Sobre se havia nos autos do
processo envolvendo o Caso Gleydson Carvalho alguma citação ao nome de James
Bell, supostamente feita por parte de algum dos já presos, como a citação
mencionada pelo pistoleiro:
“Que ele [James Bell] tenha
conhecimento e eu como advogado do município, não”.
MUNICÍPIO "PACATO"
James Bell disse que governa um
município pacato, e que em seu tempo de mandato só ocorreu 1 homicídio na
cidade. O prefeito é pré-candidato à reeleição.
EM QUEM JAMES BELL VOTOU ÚLTIMA
ELEIÇÃO
Também revelou que na última
eleição majoritária votou no deputado estadual Sérgio Aguiar (PDT) e no
deputado federal Danilo Fortes (PSB).
Sérgio Aguiar é marido da
prefeita de Camocim, Mônica Aguiar, acusada por abuso de poder econômico.
Fonte: Portal 180 Graus
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