Poucas chuvas alertam para abastecimento de água em 2016
A chegada de junho consolida 2015 como um ano de
seca com chuvas que foram ainda piores que as de 2014. E há chance de elas
serem mais fracas em 2016. Para evitar colapso, momento é de uso consciente
O Ceará teve quatro meses
de estação chuvosa em 2015 para tentar mudar um cenário de estiagem que se
prolonga há quatro anos. Não conseguiu. É uma situação que não tinha se vivido
ainda neste século. E os impactos, sempre sentidos com maior intensidade na
zona rural, chegam com força às zonas urbanas. Agora, mais do que nunca, a água
será disputada. Para controlar desperdício, plantios têm sido substituídos e
uso racional deixa de ser escolha e passa a ser obrigação.
Neste período de chuvas, o
Ceará acumulou média de 440,5 milímetros (mm) em precipitações. No ano passado,
foram 460,2 mm. A redução fez com que o aporte nos reservatórios fosse o menor
dos últimos 17 anos. Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme), há possibilidade de que a situação seja ainda pior em 2016,
principalmente devido à presença do fenômeno El Niño, que permanece até
dezembro no Brasil. Dependendo da intensidade, ele contribui para inibir as
chuvas no Nordeste. “Com isso, a gente pode ter um quinto ano consecutivo de
seca”, alerta o meteorologista Raul Fritz.
Por isso, as recentes
negociações entre Estado e União são pressionadas por pelo menos 100 cidades
que podem entrar em situação de emergência ainda este ano se não forem
amparadas por medidas que garantam o mínimo de água para consumo humano. Só para
o socorro por carro-pipa, o governador Camilo Santana (PT) tenta pactuar
investimento federal orçado em R$ 20 milhões. Além disso, deve estar na pauta
de cobranças a garantia de que a transposição do rio São Francisco comece a
funcionar em julho de 2016.
Atualmente, os órgãos
estaduais que têm relação com a gestão e a distribuição de recursos hídricos no
Ceará formulam relatório sobre a situação hídrica no primeiro semestre deste
ano. Por isso, a lista das 100 cidades que podem entrar em estado de emergência
ainda não foi divulgada.
Plano
Admitindo a gravidade da
conjuntura atual, o Ceará tenta, com articulações políticas e de gestão, pôr em
prática as medidas estabelecidas no Plano Estadual de Convivência com a Seca,
anunciado em fevereiro. Com orçamento estimado em R$ 6 bilhões, o plano prevê
ações a curto, médio e longo prazo. Com foco nas regiões de maior criticidade,
como os sertões de Crateús, Inhamuns e São Luís do Curu, o plano integra ações
de diferentes entidades governamentais envolvidas na gestão e na distribuição
de água. Hoje, funciona à base da complementação de recursos como poços,
cisternas e adutoras de montagem rápida.
Como exemplos de cidades
onde o procedimento tem sido essencial para sustentar a população, o secretário
dos Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira, cita Quixeramobim e Boa
Viagem - ambas fora da lista de sedes abastecidas pela Cagece. Teixeira afirma
que Quixeramobim vai receber, nos próximos meses, uma adutora de montagem
rápida que deve captar água do açude Pedras Brancas. Já Boa Viagem, que resiste
à base de poços, não tem mais de onde puxar água e, provavelmente, entrará em
colapso ainda este ano.
O
POVO Online
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