VOZ DAS RUAS CHEGA À PORTA DA CASA DE RENAN
Na tarde deste sábado, um
movimento batizado de #OcupaRenan sairá do ambiente virtual do Facebook e se materializará na frente do imóvel que serve de residência
oficial para Renan Calheiros. Haverá um “panelaço”. Parte dos manifestantes
deve montar acampamento no local. Planeja-se esticar o protesto até o feriado
de 7 de Setembro. Reivindica-se a saída de Renan da presidência do Senado.
No início de fevereiro, antes
de ser acomodado pela terceira vez na poltrona de presidente, Renan amargara
dois constrangimentos: 1) aportou no Senado um abaixo-assinado com 1,6 milhão
de rubricas de pessoas avessas ao seu retorno. 2) ingressou no STF denúncia do
procurador-geral Roberto Gurgel contra ele. Renan deu de ombros. E seus pares o
premiaram com a re-re-re-presidência.
Na semana seguinte,
manifestantes convocados por meio das redes sociais saíram às ruas de várias
capitais do país portando faixas e cartazes. Lia-se nas peças: “Fora Renan.” Em
entrevista a uma rádio alagoana, Renan fez troça: “Na minha juventude,
participei muito dessas manifestações como líder estudantil. Você tem duas
maneiras de fazer política: uma delas é protestando, cobrando das autoridades
determinadas posições. Se a manifestação tivesse ocorrido em 1978/79, com
certeza eu estaria nela.”
Quatro meses depois, em junho,
o asfalto emitiu um ronco que ecoou pelo mundo. Perto de 2 milhões de
brasileiros ganharam o meio-fio. Renan disse ter ouvido “a voz das ruas”. Às
pressas, reuniu numa “pauta prioritária” um lote de projetos com suposto apelo
popular. Decorridos dois meses, o Senado começava a mudar de assunto quando, de
repente, a rua resolveu facilitar a vida de Renan. Agora, o senador só terá de
encostar o ouvido na porta de casa para ouvir a besta-fera.
No texto da internet, os
algozes de Renan convocam “todos de Brasília a participarem de ato pacífico,
sem depredação e sem violência (tanto por parte da polícia quanto dos
manifestantes)”. Precavida, a Polícia do Senado providenciou um plano de
contenção. A PM do Distrito Federal, sob ordens do petista Agnelo Queiroz,
também foi acionada.
Renan não estará em casa. Nesta
sexta (16), depois de ser informado que uma gripe levara Dilma Rousseff a
cancelar um encontro que teria com ele, o senador voou para Maceió. Estará de
volta na segunda (17). A presidente o encaixou na agenda desse dia. Cumprida a
promessa do acampamento, Renan não terá muitas alternativas. Ou busca abrigo
temporário num hotel ou terá de lidar com uma rotina de Sérgio Cabral.
O governador do Rio, filiado ao
mesmo PMDB de Renan, convive há dois meses com manifestantes de tempo integral
na rua do seu prédio, no Leblon. “Tragam suas barracas e panelas!”, pede a
convocatória do ato anti-Renan. O texto saboreia uma coincidência geográfica:
“Fomos informados de que a residência dele [Renan] fica ao lado da do
presidente da Câmara, Henrique Alves. Melhor ainda.” De fato, além de coabitar
o PMDB, os dois são vizinhos de cerca na península das autoridades, às margens
do Lago Paranoá.
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