Só vai ser eleito quem for muito rico, diz deputado sobre reforma política
Citado na
delação premiada de Ricardo Pessoa, o deputado federal Júlio Delgado (PSB)
defendeu nesta sexta-feira, em Belo Horizonte, o fim do financiamento
empresarial de campanha e comentou a reforma política aprovada recentemente
pela Câmara.
"Votei de
novo contra o financiamento de pessoa jurídica a políticos e campanhas para
acabar com essa situação nefasta. A reforma política de ontem é para a acabar
com a campanha eleitoral. Só vai ser eleito quem for muito rico, por exemplo,
pastor que tem igreja ou policial que tem sua corporação para apoio ou até
personalidades (artistas e jogadores de futebol). Quem é deputado que não é
empresário ou mesmo tem causas aleatórias, serão cada vez mais escassos",
declarou.
Ele confessou
que está "quase desanimado", mas quando encontra um projeto ou causa
real para defender, "se levanta de novo". "Estamos com ausência
de liderança no País. E há uma fragilidade de poderes", falou.
Delgado falou
ainda sobre as acusações de que recebeu dinheiro caixa 2 da empreiteira UTC. Em
seminário sobre modernização das relações de trabalho promovido pela Câmara
Americana de Comércio (Amcham-BH), o político reafirmou que não recebeu o
montante, que foi destinado à ao diretório mineiro de seu partido para a
campanha eleitoral de candidatos na eleição passada.
"Eu não
estou envolvido nessa história. No pinçamento para me jogar na vala comum,
tentam me acusar. Nunca fui do governo, sempre fui de oposição. Como eu
conseguiria serviço para alguém? O dinheiro não foi depositado na minha conta,
foi na do partido. (...) Eu não seria louco de convocar alguém na CPI da
Petrobras que poderia me acusar", desabafou, em participação no evento. Em
delação premiada a investigadores da Operação Lava-Jato, o presidente da UTC,
Ricardo Pessoa teria entregado uma planilha à Procuradoria-Geral da República
(PGR) com repasses de propina e caixa 2 que a UTC teria feito a campanhas e a
políticos. Segundo a revista Veja, Delgado seria citado no documento como
destinatário de R$ 150 mil.
Delgado reiterou
que permanecerá na CPI até a ida de Pessoa no colegiado, que inclusive vai
inquiri-lo e que pedirá licença da CPI para se defender e cumprir o que exigiu
de outros citados na Operação Lava-Jato: a saída da comissão. Entretanto,
confessou que, se o não-envolvimento dele for confirmado e ele se sentir
confortável com todo o processo, ele pode voltar a continuar seu trabalho na
comissão. "Não posso ser incoerente com os meus colegas parlamentares que
estavam citados os quais pedi para se desligarem da CPI. Mas se nada se
confirmar, vou continuar sim. Com a minha consciência tranquila, a qual já
tenho", afirmou.
Eleições 2016
Sobre as
movimentações do PSB-MG para as eleições de 2016, Delgado disse que não há nada
definido. "Há uma insatisfação de alguns setores de como a forma como se
deu a mudança aqui do partido em MG, mas estamos vendo ainda como vai ser o
processo das eleições", disse, em relação à saída dele da presidência do
diretório estadual e a entrada do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Ele lembrou
que há uma decisão da executiva nacional de que o partido tem que ter candidato
próprio em municípios que mais de 100 mil eleitores, o que representa cerca de
40 cidades mineiras. "Não é porque das minhas querelas com o Marcio ou com
qualquer que seja, vou deixar de atender o PSB-MG. Eu tenho um compromisso com
o partido", ressaltou.
Questionado se
há um interesse em se candidatar à prefeitura de Belo Horizonte, Delgado
desconversou. "Eu me coloquei à disposição do partido nesse período todo,
tenho esse compromisso. Se essa for a decisão do partido, estamos aí para
cumprir missões partidárias", afirmou.
Estadão
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