Professor cearense gasta 17% do tempo em sala para manter a ordem
Ceará é o estado onde
os docentes gastam menos tempo na organização das salas. No Brasil, professor
precisa dedicar 19,8% da aula à indisciplina
O professor tem, em média,
50 minutos para apresentar conteúdos aos alunos, explicar a matéria, resolver
exercícios, fazer dinâmicas, ler textos. Além disso, precisa cumprir tarefas
administrativas como fazer a chamada e garantir a organização da sala -
atividades que consomem minutos preciosos.
No Ceará, os docentes da
rede pública gastam 17% do tempo letivo para a manutenção da ordem da sala. É o
menor percentual do País, onde, em média, o tempo perdido com organização da
turma é de 19,8%. Assim, minutos que poderiam ser usados para explorar um
conteúdo novo são desperdiçados com pedidos de atenção e tentativas de fazer os
estudantes pararem para ouvir.
Os dados são da Pesquisa
Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), divulgada pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e elaborada
a partir de entrevistas com professores do 6º ao 9º ano. Os brasileiros são os
que declararam, entre os 34 países da pesquisa, passar mais tempo tentando
manter a ordem da sala. No mundo, a média de gasto é de 12,9%.
Comparado aos outros
estados, o Ceará tem o maior período dedicado a ensino e aprendizagem de fato –
70,7% do tempo em sala. Nas tarefas administrativas, como fazer a chamada, os
docentes cearenses levam 11,8% do tempo.
Segundo Jacques Therrien,
pesquisador de Educação, para o bom desenvolvimento das aulas é necessário ter
família, gestão escolar, disponibilidade do docente e cooperação dos alunos.
“Em turmas de 50 estudantes não é possível atender todos individualmente. Mas é
preciso procurar maneiras para fazer o aluno se sentir entendido e sentir que o
professor está se dirigindo para ele como pessoa”, defende.
Esse trabalho com a
afetividade e a sensibilidade é apontado como caminho para alcançar a boa
convivência. Para lecionar, explica Jacques, não basta dominar o conteúdo. Se
um aluno tem problemas familiares, é natural que ele se manifeste. Mais do que
condenar as situações de indisciplina, geradoras de desordem, é necessário
dialogar.
Diálogo
Benedita Teixeira, professora da
Escola Municipal José Alcides Pinto, descobriu o diálogo como maneira de manter
a organização e, consequentemente, não perder tempo de aula. “Conversamos sobre
a importância de respeitar o outro. No meio do caminho, alguém pode não
aceitar. Mas precisamos compreender que eles são adolescentes e estão em uma
fase especial, uma fase de transição. É nesse momento que entra a conversa e a
afetividade”.
Fonte: O POVO
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