Mortandade de peixes intriga pescadores no Açude Orós
Orós. Produtores de tilápia em tanques-redes no Açude
Orós, localizado na região Centro-Sul do Ceará, enfrentam um novo ciclo de
mortandade do pescado. A ocorrência de morte é mais comum no período de maio a
julho, mas, neste ano, vem surpreendendo os criadores desde janeiro passado. O
reservatório é o segundo maior do Ceará e acumula atualmente 46% de sua
capacidade.
O Orós tornou-se um dos
maiores produtores de peixe da espécie tilápia em cativeiro, no Estado do
Ceará. São cerca de 500 famílias, em 18 comunidades, envolvidas com a atividade
econômica e uma produção mensal estimada em 420 toneladas. Nos últimos dez anos,
a criação de pescado trouxe uma significativa melhoria de renda para os
moradores, que antes viviam da pesca artesanal e da agricultura de
subsistência.
Gaiolas
O problema
pode estar relacionado com a quantidade de peixe nas gaiolas, a queda do nível
do reservatório, a baixa produção de oxigênio e a inversão térmica. A
mortandade vem ocorrendo em quase todas as comunidades e revela que os
produtores precisam seguir as orientações técnicas e que há um limite para
manter a sustentabilidade da produção em larga escala.
O piscicultor Pedro Emídio
da Costa confirmou a morte de peixe nas localidades de Jardim, Brejinho, Jurema
e Pereiro dos Pedros. "É mais um prejuízo que atinge os produtores que já
têm dívidas. Costa adiantou que os criadores estão reduzindo a compra de
alevinos. "A nossa preocupação é com a queda do nível do açude. Dizem que
vão liberar mais água para o Castanhão",
O coordenador local do
Centro Vocacional Tecnológico (CVT), Paulo Landim, observa que o momento é de
dificuldade, mediante a queda de volume de água do reservatório e a incerteza
se haverá chuva suficiente para a recarga do açude.
"Estamos atravessando
um momento de dificuldades e não podemos, de maneira alguma, pensar em expansão
da atividade", frisou. "Os produtores devem diminuir a quantidade de
peixe nas gaiolas".
Os técnicos avaliam que a
redução deveria ser em torno de 50%. A decisão, se for tomada, representa queda
na produção ao longo deste ano. "É o caminho correto para reduzir o risco
de morte", frisou Landim. "À noite, os ventos fortes seguem na
direção da água para a margem, criando ondas que retornam por baixo, levando
material aquático e água com pouca oxigenação. É esse processo que causa a
falta de oxigênio e a morte dos peixes", explicou.
Preso nas gaiolas, o
pescado não tem como sair para águas mais profundas, oxigenadas. A orientação é
que nesse período os criadores reduzam a quantidade de alimentação,
restringindo-a ao período da manhã. "O peixe não morre por fome, mas por
falta de oxigênio. Se tiver sido alimentado no período da tarde vai precisar de
mais oxigênio para digestão e respiração, exatamente à noite, quando ocorre a
fotossíntese", explicou. "Para reduzir a mortandade é uma questão de
manejo".
Outra saída é a retirada
das gaiolas das áreas mais próximas das margens para águas mais profundas.
"Os criadores precisam verificar à noite o comportamento dos peixes e
quando perceberem que há risco de morte, conduzir os tanques redes para locais
mais distantes, com melhor qualidade de oxigenação", frisou Landim.
Outro problema é evidente
no Açude Orós: a poluição. O reservatório recebe, por meio do Rio Jaguaribe e
de seus afluentes, dejetos de dezenas de cidades e de vilas rurais, que não têm
saneamento básico.
Prejuízo
Em maio de 2014, a
mortandade de tilápias atingiu cerca de três mil gaiolas, deixando prejuízo
para mais de 100 famílias. Somente na localidade de Jurema, o prejuízo foi em
torno de R$ 300 mil. Os projetos experimentais de criação de tilápia em tanques
redes começaram em 2004, com 20 gaiolas. Logo houve expansão. Hoje são 3.500.
Esse número pode ser
superior, pois há queixa de que unidades são implantadas de forma irregular,
sem autorização e a outorga das instituições envolvidas. O mercado é favorável
e o êxito do empreendimento está relacionado à capacidade de organização e
conhecimento dos produtores. "Há dificuldades, mas a atividade é
lucrativa. Os grupos que investem parte dos recursos conseguem crescer".
Mais informações
Centro Vocacional
Tecnológico (CVT)
Município de Orós
Centro-Sul
(88) 3584-2704
Honório Barbosa
Colaborador
Centro Vocacional
Tecnológico (CVT)
Município de Orós
Centro-Sul
(88) 3584-2704
Honório Barbosa
Colaborador
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