Mauro Benevides diz que todo político deve estar preparado para perder
Ex-senador, ex-deputado
estadual, ex-vereador, atualmente deputado federal, ele espera assumir como
suplente na próxima legislatura. É projetos seu, agora, concluir o livro no
qual pretende contar episódios da vida pública
Com quase 60 anos de
carreira política, Mauro Benevides (PMDB) já foi vereador, deputado estadual
por quatro vezes, senador por duas vezes e deputado federal por quatro. Iria
para seu quinto mandato se tivesse sido eleito nas eleições de 2014, mas, com
60.196 votos, não alcançou o cargo e estará, a partir do próximo ano, como 1º
suplente de sua coligação, aguardando ser convocado para a Câmara.
Não foi a primeira vez que
Benevides não conseguiu o número de votos necessários. Assumiu de 1985 a 1986,
a Presidência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), quando não foi eleito para
o mandato senatorial. “Não tenho queixas de ninguém se não tive votos para
assumir a cadeira”, diz o deputado federal, que exerce seu mandato até 31 de
janeiro de 2015.
OPOVO - O senhor já passou por vários cargos na política e
seus filhos seguiram seus passos. O senhor deixou um legado? Pode-se dizer que
esse legado são seus filhos?
Nome - Na atividade política só se acha mesmo o Mauro
Filho e, nessa eleição, concorrendo ao Senado, ele se consagra com 1 milhão e
573 mil votos. Então, se ele se projetou dessa forma, disputando o Senado
Federal, é sinal de que, nele, reconheceram atributos para a representatividade
para a vida pública no nosso Estado. Naturalmente eu já ocupei esse cargo,
sendo o único do Ceará, até hoje, a ocupá-lo no Império e na República. No
momento é ele quem encarna a representatividade, mas que eu possa ser exemplo e
o meu exemplo são eles também.
OP - Como é para o senhor não ter sido escolhido pelos
eleitores?
Mauro - Essa é uma etapa que quem se situa na política
sempre tem de estar com o espírito preparado. E logo haverá convocação. Não
tenho queixas de ninguém se não tive votos para assumir a cadeira. Eles, Moroni
Torgan (PMDB) e Moses Rodrigues (PPS) que tiveram essa cadeira.
OP - O senhor estará como 1º suplente da sua
coligação, mas espera assumir a vaga?
Mauro - Estou a postos para assumir algum mandato. Mas,
veja bem, não estou prognosticando assumir não, pelo amor de Deus! Mas se vier
a ser convocado assumirei. Se não, qualquer que seja a posição continuarei com
o mesmo empenho político.
OP - Qual foi o cargo mais importante que o senhor
considera já ter assumido?
Mauro - Foi a 1ª Vice-Presidência da Constituinte. Esse
foi, historicamente, o cargo mais importante. E eu não quero mais que se fale
em constituinte, porque constituinte só ocorre quando há ruptura institucional
e não quero que, jamais, isso aconteça de novo no nosso País. Mas,
evidentemente, o grande momento foi a de 1988, a atual. Eu me honro de haver
sido o segundo signatário da Constituição Federal de 88.
OP - Enquanto não é convocado, pretende utilizar a
experiência que o senhor tem na política em que área?
Mauro - Eu tenho o dever de levar o conhecimento do
público ledor: a minha experiência e os episódios vivenciados em mais de cinco
décadas vivenciadas na política. Estou devendo isso, conscientemente, aos meus
amigos do Ceará e ao Brasil. Já tenho iniciado um livro com episódios marcantes
vivenciados ao longo dos 50 anos de legado político. Se eu tenho 80 livros
publicados, esse é fundamental porque retrataria, ou em posição de acompanhante
ou de presença decisiva, essas vivências. Tenho que fazer e não posso mais
retardar a publicação desse livro. Já tem vários capítulos preparados. Tem 60
capítulos e eu devo tanto ao Instituto do Ceará quando à Academia Cearense de
Letras. Vou contar episódios marcantes, como foi o da Constituinte de 88.
OP - O senhor já pensou em sair da política em algum
momento?
Mauro - Não! Eu continuo filiado ao partido e estou indo
para Fortaleza para participar da campanha de segundo turno. Sou fundador do
PMDB e
dirigi partido no Ceará por 20 anos.
dirigi partido no Ceará por 20 anos.
OP - Existe um momento certo para sair?
Mauro - Não. O político só deixa a vida pública quando o
povo acha que ele não deve continuar. Mas acho que ainda tenho vitalidade para
servir ao Nordeste e ao País. E até 31 de janeiro estarei defendendo a Casa
como deputado federal.
OP - O senhor pretende se candidatar de novo?
Mauro - Essa pergunta sobre futuro político, eu costumo
referenciar Armando Falcão, que sempre costumava frisar: o futuro a Deus
pertence.
OP - Como foi, em 1974, a vitória expressiva que o
senhor teve no Senado?
Mauro - Foi uma manifestação consagradora e a mais
audaciosa da minha vida pública. Resolvi disputar o Senado porque nenhum dos
meus companheiros pleiteava esse cargo. Eu era presidente do partido e me
puseram essa alternativa. Quem ganhou essa eleição foi o povo e não o Mauro
Benevides. Destaco, nessa época, a participação da grande jurista Auri Moura
Costa. Ela interveio para que a polícia não ocupasse as garagens de ônibus,
permitindo que eles voltassem a circular e permitindo que os fortalezenses
pudessem votar. Ganhei com 76 mil votos.
OP - O senhor era presidente da Assembleia na época do
golpe militar, como era administrar a Casa nessa época?
Mauro - Extremamente delicado. Ligava a Voz do Brasil e
saíam as cassações desse e daquele parlamentar, Isso constrangia a todos que
externavam o seu populismo diante de uma situação delicada. Eram raros os que
tinham coragem de manifestar o seu protesto. Um episódio lastimável e que me
obrigou a lutar pelo estado democrático de direito.
"O político só deixa a
vida pública quando o povo acha que ele não deve continuar. Mas acho que ainda
tenho vitalidade para servir ao Nordeste e ao País"
Números
27 anos, foi o tempo que Mauro Benevides ocupou a
presidência do PMDB no Ceará
1 vez ele assumiu a presidência da República,
interinamente, em 1992
12 vezes Mauro foi governador interino do Ceará, entre os
anos de 1963 e 1965
Fonte: O POVO
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