Partido dos Trabalhadores e o destino dos Ferreira Gomes
A revista Veja divulgou e diversos veículos de
comunicação repercutem desde o fim de semana a possibilidade de Cid Gomes e seu
grupo político deixarem o Pros e se filiarem, vejam só, ao PT. O movimento
seria uma forma de a presidente Dilma Rousseff, caso reeleita, formar seu
próprio grupo e ficar mais independente em relação ao ex-presidente Lula. A
narrativa explora a recorrente ideia, nem sempre consistente, de crise na
relação entra a presidente e o antecessor. Mas há outro enfoque que merece ser
observado, a partir do núcleo cearense.
Em outros momentos, já se cogitou a filiação dos
Ferreira Gomes ao PT. Ainda em 2008, Ivo Gomes disse que se sentiria muito bem
no partido. Em 2011, a possibilidade foi especulada em uma das várias crises
entre a família e o então presidente do PSB, Eduardo Campos. No ano passado,
antes de optarem pelo Pros, a opção petista foi de novo cogitada. E nunca deu
em nada. Mas há ingredientes novos.
Em menos de um ano, a relação entre o grupo cearense e
a direção nacional do Pros já sofreu vários desgastes. Também pudera. Eles já
entraram no partido discordando da principal – e praticamente única – bandeira,
que é a redução de impostos. E desde o início sinalizaram intenção de mexer no
programa, na estrutura. Não podia dar certo e não está dando. Houve
divergências graves em relação a votações no Congresso Nacional e também quanto
a intenção de dirigentes nacionais de apoiar Eunício Oliveira (PMDB). Então, é
bastante provável que, pouco depois das próximas eleições, os Ferreira Gomes
realmente mudem de partido.
A escolha do petista Camilo Santana como candidato à
sucessão no Estado onde o Pros é mais forte no País foi sinalização de que o
grupo não prioriza o fortalecimento da sigla. Ciro Gomes já tinha a clara meta
de, em caso de sucesso eleitoral, se voltar para as articulações nacionais e na
reformulação da legenda. Mas houve turbulências no meio do caminho. Fica a
interrogação sobre quão longe estarão os irmãos dispostos a ir num partido sem
expressão, complicado e bem menos promissor do que pareciam PSB e mesmo PPS. No
caso de Ciro não ser bem-sucedido na mudança que pretende empreender, a porta
da rua será a serventia da casa.
O destino, então, poderá ser o PT? A opção por Camilo
pode ser indício de que sim, mas não o único. A própria escolha do candidato
foi resultado da circunstância principal: a trajetória política de Cid se
tornou indissociável, nos últimos oito anos, do projeto petista federal.
Sobretudo ao embarcar numa legenda pouco mais que inexpressiva, quando ai mesmo
que ficou dependente do aliado federal.
Porém, a entrada no PT não será sem resistência – que
já começou, só diante das primeiras notas publicadas. Haverá oposição em vários
grupos, inclusive nos mais ligados ao governador, que fatalmente perderão o
controle da sigla. Por outro lado, independentemente das garantias que recebam
na filiação, os Ferreira Gomes jamais controlarão o PT sem hegemonia junto à
militância, o que nunca foi especialidade do grupo. A possibilidade é menos
absurda do que parece, mas também não é nada simples.
Da Coluna Política, no O
POVO desta terça-feira (15), pelo jornalista Érico Firmo:
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