POLÍTICOS NÃO DISPENSAM NEM O BOLSA FAMÍLIA
Se já não bastasse,meter a mão no dinheiro público,mais de 2.000 prefeitos e vereadores
eleitos no ano passado receberam, até o início deste ano, recursos do programa
Bolsa Família do governo federal.
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome identificou
2.168 beneficiários que continuaram recebendo o dinheiro do programa apesar de
terem sido eleitos para prefeituras e Câmaras Municipais.
A legislação brasileira veda políticos eleitos de receberem o benefício,
mas determina que os próprios políticos acusem o fato de serem beneficiários do
programa --o que na prática permite que muitos continuem a receber o dinheiro.
O governo encontrou as ilegalidades ao cruzar dados do ministério com do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A operação, realizada em fevereiro deste
ano, encontrou inicialmente 2.272 eleitos que poderiam se enquadrar na situação
ilegal. Após um pente-fino, com o envio de questionários às prefeituras, o
ministério chegou ao número de 2.168 confirmados como políticos eleitos que são
beneficiários do principal programa de transferência de renda do governo
federal.
Todos tiveram os benefícios cancelados. Os outros 104, que chegaram a
ter os pagamentos suspensos, tiveram os valores desbloqueados.
A lei 10.836/2004 obriga os beneficiários que tenham
"dolosamente" prestado informações falsas para permanecerem no
programa Bolsa Família devem ressarcir os cofres públicos o valor recebido
irregularmente. O ressarcimento, segundo a lei, deve ser atualizado com base no
IPCA. O ministério não informou se os políticos que receberam o dinheiro
irregularmente fizeram o ressarcimento.
IRREGULARIDADES
Nas eleições de 2004 e 2006, o TCU (Tribunal de Contas da União) cruzou
a lista de beneficiários do Bolsa Família com a relação de políticos eleitos e
seus suplentes. Na época, o cruzamento revelou a existência de 20.601 políticos
que recebiam o Bolsa Família, a maioria deles na categoria dos extremamente
pobres. Na folha de pagamentos de um mês, fevereiro de 2008, os políticos
receberam R$ 1,6 milhão.
No cruzamento, o tribunal identificou 1,1 milhão de famílias com
indícios de renda acima do permitido. Elas receberam mais de R$ 65 milhões na
folha de fevereiro de 2008. Consideradas só as entrevistadas em 2007, o TCU
identificou mais de 195 mil com indícios de omissão de renda.
O cruzamento com o Sisobi (Sistema Informatizado de Controle de Óbitos)
revelou a presença de quase 300 mil mortos. Na folha de fevereiro de 2008,
foram identificados 3.791 benefícios pagos a famílias com pessoas mortas.
Fonte: Folha de S. Paulo
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