JOÃO PAULO CUNHA VAI PARA PRISÃO
O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) se
apresentou ao Complexo Penitenciário da Papuda ontem para iniciar o cumprimento
da pena imposta no processo do mensalão. O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, assinou o mandado de prisão no início
da tarde de ontem.
Um dos poucos condenados da ação penal 470 que
permanecia em liberdade, o parlamentar petista passou a manhã em seu
apartamento em Brasília. Mais cedo, o advogado Alberto Zacharias Toron, que
defende o parlamentar, viajou de São Paulo para Brasília na expectativa da
ordem de prisão.
Condenado a 9 anos e 4 meses por peculato, lavagem de
dinheiro e corrupção passiva em regime fechado, João Paulo Cunha deverá cumprir
inicialmente a pena de 6 anos e 4 meses no semiaberto, que dá direito a
autorização para trabalho externo durante o dia, porque tem recurso pendente em
relação à pena de lavagem, cuja punição é de três anos.
Antes de Barbosa sair de férias no começo de janeiro,
ele decretou o fim do processo do mensalão para Cunha, mas não expediu o
mandado de prisão. Barbosa reassumiu a presidência do tribunal nesta segunda e,
ontem, expediu o mandado.
Os ministros Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que
assumiram a presidência do tribunal provisoriamente por conta da ausência de
Joaquim Barbosa, não tomaram nenhuma decisão sobre o caso. Durante a viagem,
Barbosa chegou a criticar os colegas de tribunal por não terem assinado a ordem
de prisão do parlamentar, mas ninguém se envolveu na polêmica.
Na Europa, Barbosa também comentou uma entrevista dada
por João Paulo Cunha, que criticou a atuação do presidente do Supremo. O
magistrado afirmou que não ficaria "de conversinha com réu" e afirmou
que, na opinião dele, a imprensa dá espaço indevidamente a condenados e que
eles deveriam permanecer no "ostracismo".
Inocência
Após ter o seu mandado de prisão expedido, Cunha
publicou nas redes sociais uma carta aberta em que se diz inocente e critica o
julgamento do mensalão.
"(O julgamento) caracterizou-se pela exaustiva
espetacu-larização de uma farsa chamada mensalão", escreveu o petista.
"Assegurei e provei que não houve desvios de recursos públicos da Câmara
dos Deputados".
O deputado, que ainda não disse se irá ou não renunciar
ao mandato, afirmou não temer novo julgamento no Congresso. "Não temo
enfrentar, se for necessário, um novo julgamento na Câmara. Deste caso, já fui
absolvido pelo plenário da Casa e nas urnas, em duas eleições, em disputas
(2006 e 2010) marcadas pelo uso deslavado e leviano do chamado mensalão contra
o PT", explica.
O comando da Câmara vai se reunir na próxima quarta
(12) para decidir o futuro político de Cunha. No encontro, a Mesa Diretora
avaliará a abertura do processo de cassação do petista.
Fonte: Diário do
Nordeste
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