AMPLIAÇÃO DE ZONA URBANA EM JERICOACOARA GERA POLÊMICA
O ecossistema da Lagoa de
Jijoca,em Jijoca de Jericoacoara (Litoral Oeste),está ameaçado.O risco de
desmatamento da área surgiu, denunciam moradores,após a Câmara de Vereadores
aprovar,em novembro,lei complementar indicada pelo Executivo que expandiu a
zona urbana do município.O fato teria relação com o interesse de grupo italiano
em construir um loteamento na cidade,indicam jijoquenses.O empreendimento,que
deve ter 65 hectares,está previsto para a área agora urbana,ao lado da lagoa.
“O projeto está sendo
instalado dentro de uma Área de Preservação Ambiental (APA),de uma Área de
Preservação Permanente (APP) e da zona de amortecimento do Parque Nacional (de
Jericoacoara).A zona urbana é dentro da cidade.Mas, agora,tem um trecho de zona
rural no meio e,na área mais proibida,uma zona urbana.Isso foi decidido sem comunicar
ninguém.Quando soubemos,já estava votado.Isso intriga”,desabafa o
vice-presidente da ONG Lagoa Viva,Francisco Teixeira Brandão,conhecido por Da
Chaga.A ONG luta pela preservação do aquífero.
Para o presidente do
Conselho Comunitário de Jericoacoara, Elenildo Silva,o projeto é mais
preocupante que a proposta de gestão do parque nacional através de Parceria
Público-Privada (PPP). “O impacto ambiental é muito grande”,frisa Elenildo.
O caso está sendo
acompanhado pelo Ministério Público (MP) do Estado.Um inquérito civil público
foi instaurado,segundo o promotor Irapuan da Silva Dionízio Júnior,que responde
pela promotoria de Justiça de Jijoca.Ele diz acreditar que há relação entre a
ampliação da área urbana e o empreendimento.“Alargaram a zona urbana para uma
área que não tem nada,é mato.Qual o sentido disso?”.O vice-presidente da ONG
Lagoa Viva reforça que há muita natureza no entorno do manancial.“É onde tem
uma mata bonita ainda.”
Conforme o promotor,na
última semana,equipe da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace)
esteve no local e deve emitir relatório que subsidiará a investigação do
MP.“Precisamos saber se,do ponto de vista ambiental,é viável o
empreendimento.Eu acredito que não seja porque está dentro de uma APA”,diz
Irapuan.
Prefeitura
Em nota,a procuradora do
Município,Solange Santos,diz que “a polêmica acerca do assunto parte de setores
políticos derrotados nas últimas eleições”.Segundo o texto,a expansão da zona
urbana está prevista no Plano Diretor da cidade e foi feita porque se esgotaram
“as áreas urbanas para instalação de equipamentos sociais e expansão
habitacional”.Ela diz que “nenhum projeto a ser instalado nas áreas urbanas já
consolidadas e em expansão será realizado sem respeito ao regime jurídico
vigente”.
Saiba mais
A empresa Bonelli Brasil
Group,responsável pelo empreendimento Alchymist Grand Hotel & Resort
Jericoacoara,foi procurada pela reportagem.Na tarde da última sexta-feira,21,o
escritório em Fortaleza foi contatado,mas foi informado que o representante que
poderia conceder entrevista já não estava no escritório e estava em local sem
sinal telefônico.Mesmo assim,o número da redação foi informado à atendente,mas
não houve retorno.
Em nota,a Semace diz que
“foi dada entrada no pedido de licenciamento prévio para um empreendimento do
grupo pertencente ao senhor Giorgio Bonelli,referente a um loteamento com
terreno de área de 65 hectares.Ressalte-se que o projeto não será resort ou
complexo turístico.”A documentação ainda é aguardada.
Segundo o Código
Florestal,são APPs as zonas no entorno de lagoas em faixa com largura mínima de
100 metros em zonas rurais e 30 metros em zonas urbanas.
Na última
sexta,21,audiência pública foi realizada em Jijoca para discutir a situação da
lagoa.Há uma campanha para diminuir o trânsito de veículos pelo local.
Reproduzida do O Povo
Online
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